terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Na praia

Na praia

O calor era abrasante. Jovens como a minha companheira não percebem uma tênue linha de gotículas que caminham rumo ao umbigo, a respiração ajuda, a barriga bem desenhada, uma rampa leva aquela água ao interior do biquíni. Uma bela fêmea deitada ao sol, com lábios carnudos, vermelhos, respira calma. Pasmo fico imaginando os segredos que se escondem sob aquela escuridão, entre coxas, aquele suor me excita, a boca começa a secar e o membro avisa, estou vivo ! Limpo a testa dela com um dedo reto e quase paralelo ás sobrancelhas, bem rente, como uma brisa. Mexe um pouco e abre os olhos “Amor”. Isso marcou, descobri um desejo forte que vinha como as ondas do mar ali junto, salgado, tentando me atingir. Boca seca, idéias avançando sobre aquele corpo doirado de pelugens finas, quase loiras, por vezes não reconhecidas pela visão. Deu-se um beijo, não aquele que eu gostaria, mais úmido, e sim salgado e seco, línguas iguanas, raspam-se. O sol começa a incomodar, a ereção também. O corpo pede água e a respiração já descompassada, brota o cheiro da pele feminina, no canto do pescoço. Lambo. Sal e sol. Preciso de mar, ela percebe que o ato se anuncia, aperta meu braço e fala “vamos?” Não há resposta imediata, a gata é felina e ágil, pula livre com os seios amaciados e levemente soltos do aperto cruel da parte superior de um biquíni branco neve. Sou, nesse momento a presa, percebo que a força do desejo é soberana e feminina, sem volta, ela precisa gastar essa energia, que o sol aumenta e o vento empurra.
Penso, sem muita certeza, a praia é deserta, há chance, no mar quente e meio parado, nordeste. Levanto-me sem jeito, sem formas para andar com o incomodo pau exageradamente duro, lateralmente marcando um calção surrado e velho, melhor assim. Caminho em direção ao oceano, minha deusa já escorre o cabelo longo e me vê de braços abertos, “vem”. Mulher de pouca fala me enlouquece, afirmativa e poderosa, no querer, e pode no jogo do sexo. Um beijo, já molhado, aquático, se deu. Eu queria, sem coragem, ter uma experiência de amor livre, tropical, estava no rumo certo. Ela em pé tinha a água na cintura, me apertou contra seu peito, meu membro no delicioso umbigo roçava. Fiquei mais calmo quando percebi uma nuvem que tapava o sol e trazia a força de uma sombra, me encorajei e apertei as nádegas rijas da moça. Fugi, precisava respirar, mergulhei ao lado na tentativa de não pensar na loucura que já cometia. Como vou poder ? Se passar um vendedor tardio ou uma senhora descalça ? Turistas, um risco, não, não posso! Ela veio maldosamente por trás, mamilos duros pedra, roçando as costas queimadas, a mão inquieta penetrou no meu calção, como uma flecha rápida, mergulhou nos pêlos e segurou firme, como se segura uma arma, mão fechada em torno do macho, forte, me puxou prá baixo, estava louca, sem controle, rosto vermelho e boca aberta. Outro beijo, esse mais aquecido e demorado, estelar, céu da boca, cometas. Não largou o pênis que já se manifestava solto no mar, peixe espada, predador. A nuvem se mantinha firme, o corpo já se mantinha sobre joelhos, na areia incomodava. Ela fez o que sabia, trouxe a vagina para perto, um ângulo difícil, penetração impossível, ela inquieta, começou a apertar demais meu membro, estava firme, certa daquela pescaria, tinha o peixe na mão e a rede no sexo, tinha fome.
Fui duro e objetivo “Você quer?” Ela mais e mais certa, " preciso ! " Isso me marcou, talhou o macho indeciso, feriu um orgulho dantesco de um jovem que não podia fracassar, nem morrer na teia da aranha venenosa. Vire, disse. O controle era meu, a água um esconderijo, um lençol quente que nos envolvia , o céu começava a escurecer e a mão corajosa tirou um pequeno triângulo de pano que cobria aquelas montanhas brancas e duras. Ela percebeu a técnica perfeita, inclinou 15 graus á frente e abraçou meu mastro em movimento calmo mas certeiro. Arde um pouco, confesso que o mar não é o melhor lubrificante, ela era mulher de fibra e molhos, a coisa foi evoluindo devagar, meio talo, suave. Minhas mãos já estavam afoitas, percorrendo um seio pequeno e redondo, que eu dividia com a linha d’água, olhando sobre um pescoço curvado, cabelos soltos, língua na orelha, eu mordia, um pouco. A maré crescia e os movimentos também, já dominava aquela rede com meu peixe espada se debatendo contra o fluxo daquela vagina apertada e moldada ao meu desejo. A respiração era forte, a boca aberta recebia a incomoda visita do mar, a luta era grande, o peixe se debatia nas paredes da caverna que apertava mais e mais, estava nos seus últimos momentos. Mordi forte uma nuca, abracei a fêmea como a um tronco o náufrago, o sexo no minuto final. Ela percebeu que a luta estava ganha, jogou o corpo prá trás com força e apertou com unhas finas a minha coxa “ goza, amor ! "
Um choque percorreu o corpo, um tremor nas pernas, sem forças fui me desvaindo em líquido, no fluído canal, agora mais fácil ir e vir, mordi o pano do biquíni e me soltei daquela rede de pesca, daquela que trazia o mar em outras formas e sabores, tentáculos. Escureceu.
Vi o mais lindo mergulho do sol no horizonte, senti o corpo anestesiado. Boiando ficamos um pouco, mãos dadas, só o vento nos tocava... Eles sabiam de tudo: Netuno, a nuvem, e talvez a vendedora do delicioso sorvete de pitanga...

Roberto Solano

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