terça-feira, 31 de maio de 2011

O medo

O medo



Assunto comprido... Dá para escrever um livro e defender várias teses, mas vou falar o que penso dessa criatura, por vezes monstruosa e outras até um bom amigo, pense aí, um dia ele já te ajudou ou te salvou!

O pai era o Senhor Coragem e a mãe a Dna Dor. Nasceram o Medo, a irmã Insegurança e o caçula Castigo. O Pai sempre foi homem desbravado, firme, autoritário, dono da verdade, um exemplo de pai de família. A Mãe uma mulher atenciosa, caseira e recolhida, quando aparecia todos se lembravam dela e choravam muito, ela emociona os mais fortes, até o maridão foi visto aos prantos quando ela endureceu com ele, os filhos viram, o casamento quase acabou se não chegasse a tia Perdão, gente boníssima , inteligente que contemporizou a crise conjugal.

Vamos falar do Medo. Ele nasceu forte e vai crescendo muito rápido nos primeiros anos de vida! Menino danado prá comer, está em todas as partes. Já mais adolescente veio a sua irmã inseparável: Insegurança. Nossa! Como ela absorveu o rapaz, que por poucas espinhas no rosto deixou de ir a várias festinhas para ficar embalando a linda criaturinha no berço. Chorava muito a irmã, deu trabalho mesmo. Logo nasceu o caçula, Castigo. Castigo mesmo, pois junto com a irmã fizeram o Medo ter medo dele mesmo! Que coisa triste. E aí entrava em cena a Mãe, trazendo muita dor e tristeza, não por não ser uma boa Mãe, nada disso! Senhora excelente, tinha muita compaixão e amor pelos filhos, mas gostava mais do caçula. Isso dava para se notar. Por nada ela chamava Castigo. Vem cá menino! Vá ficar com teu irmão Medo, vê se ele desgruda da irmã (Insegurança). Que família complicada...

Eu mesmo tenho muito medo! Meu Avô tinha medo de pena de galinha voando!!!??? Pode? Dizem que enfrentava cangaceiro e deu uns tiros prá cima, macho todo, cabra da peste, até uma pena se desgarrar de uma galinha e resolver surfar no vento... Se mijava todo... Tadinho.

Meu Pai dizia não ter medo de nada! Bom na propaganda me enrolou por muitos anos. A minha Mãe era doida mesmo, essa não tinha medo, pois não pensava na conseqüência. Ia esquecendo, a Vó Conseqüência, mãe do Coragem, sempre educou ele para ser como ela, pensar mais, analisar os fatos, ponderar, etc... O Sr. Coragem deu muito desgosto para a Mãe, não gosto nem de pensar... Só acalmou depois do casamento, também Dna Dor era cativante! Dobrava todo muito, quando ela chegava era só atenção, e o filho Medo ficava sendo valorizado! Ele gostava de andar com a mãe, muito agarrados, família unida, bonito de se ver!

Medo não gostava era do primo que ele tinha, filho de Tia Paúra, uma senhora do interior que batizou o filho com o mesmo nome do filho da irmã querida, Dna Dor. Elas sempre foram unidas Dor e Paúra, viveram a infância na lavoura, sofreram o que o Diabo amassou (o Pai delas), trabalhando noite e dia. Pois bem, um dia, Sr. Coragem enfrentou o Diabo e pediu a Dor em casamento. O Sogro ( diabólico), que é o maior sacana desse mundo, concedeu, para complicar a vida do belo rapagão:Coragem!

O Medo da cidade tinha medo do Medo do interior, cujo apelido era Cagão. Medo não podia ver Cagão e se borrava todo... Cagão era forte e adorava fazer medo no medo, batia nele, um filho da puta mesmo! Só quem protegia Medo de Cagão era Tio Susto. Tio muito bacana! Aparecia de vez em quando, beberrão. Enchia a cara nos botecos da cidade, mas gostava do sobrinho Medo. Isso era a salvação! Quando cagão vinha de férias para infernizar o primo, ele ligava.

- Tio Susto, tudo bem?

- Oi querido, que saudades, passa aqui no botequim prá dar um abraço no teu tio...

- Tio... Preciso de um favor...

- Fala querido!

- Cagão está batendo em mim... Buaaaaaaaaaaahhhhh !




Chorava Medo...Tio Susto sempre foi rápido, um super-herói, “The Flash”, e num piscar de olhos botava Cagão prá correr aliviando o sobrinho querido: Medo... É susto passa rápido e agente lembra dele, como lembramos esporadicamente de amigos engraçados e pés-de-cana, bons amigos de Bar, que passam pouco tempo com a gente e deles nunca esquecemos: o Susto é assim. Vamos fazer um brinde a ele, ele merece, afinal é só um susto, ou melhor, FOI SÓ UM SUSTO! Gostava dele.

Pois é meus amigos, essa família tem outros parentes que falarei em breve. Vou parando por aqui com medo de falar Besteira (prima de Susto) e te Incomodar (amicíssima de Dna. Dor).

Vou tomar um Tilenol (Tio dela); aliás, eles não se dão muito bem...



Roberto Solano

sábado, 28 de maio de 2011

Ser Flamenguista é uma alegria !!!

http://globoesporte.globo.com/futebol/times/flamengo/noticia/2011/05/documentario-exclusivo-lembra-os-dez-anos-do-gol-historico-de-petkovic.html

Morrendo de preguiça, ou sobre a tragédia do voo 447 da Air France

Morrendo de preguiça



Não vou não... Estou morrendo de preguiça...

Pois é, assim o mundo vai evoluindo, pelos braços da preguiça, da vida fácil, da cultura baiana (com todo respeito!) do “ savoir vivre “. Que beleza seria se Paris fosse na Bahia! Delícia ver as baianas vendendo acarajé e macaron, todas devidamente perfumadas, magras e falando francês. “Que puis-je vous servir?” E você depois de provar o acarajé "chaud” pede uma taça de champagne para acalmar as papilas. Seria perfeito: o elevador Lacerda dando acesso á droit para a Torre Eiffel e à gauche para a baía de São Salvador... Os “petits garçons” ali, na Place Vendome jogando capoeira. O bom malandro baiano tomando um café com uma purinha, sentado e lendo o “Fígaro”. Ainda não bebi nada hoje, mas vou retomar ao tema, agora falando sério!

Li no jornal a triste constatação de que o Airbus da Air France despencou do céu sem um motivo compreensivo, técnico, palpável, forte e convincente. Eu tenho a minha teoria: quem matou e continua matando é a nossa preguiça. Sem vergonha eu afirmo: quem faz o mundo evoluir e mata é a danada da preguiça... Meu Deus, está dando um soninho e acho que vou parar de escrever e tirar “uma palhinha”. Vocês sabem o que é “tirar uma palhinha?”, termo mineiro, da maior qualidade. Estando cansado dê uma paradinha debaixo de uma sombra gostosa, chapéu de palha, recostado e com uma palhinha seca vá palitando os dentes ou simplesmente mexendo sua língua no balé cadenciado, levando o objeto seco prá lá e prá cá, pensando no nada, na “maçaranduba do tempo”, na morte da bezerra, na bunda da Maria, e deixe o corpo entrar em "alfa”. Os mosquitos são adeptos de yoga,não se esqueçam ! Toda vez que voce parar para meditar “à mineira” os danados chegam; aí é melhor acender um cigarrinho de palha, delícia, nirvana... Ô vida boa sô! Trem bão...

Quase cochilei... Já tomei um café forte e estou voltando para a tragédia: um avião moderno, computadorizado até a alma, pilotos experientes e pimba! O bicho cai do céu feito jaca mole! Cuidado! Quando for tirar sua “palhinha” nunca o faça debaixo de pé um de jaca, tá? E aí fico lendo “os especialistas “: O pitot, um cano que mede a velocidade congelou... Ora merda! Será que só podemos viajar em terras nordestinas? Deserto do Saara não me apetece, vou cancelar Paris? A idéia de transferir a cidade luz para a Bahia está me agradando cada vez mais... Montmartre é o cacete! Pelourinho !!!

Voltando. O danado do avião caiu com o bom comandante tirando sua “ palhinha ", que em Frances deve ser mastigar uma rolha de um bom “ Dom Perrignon “, ouvindo “ la vie em rose” ...“ La vie est belle...” E outras frescuras do culto povo lá da Europa. Dizem que acordaram o cidadão e que de pé foi dando umas chamadas (esporrô) nos co-pilotos... E o avião encostou o mar de bico prá cima, passáro de asas de aço, lindo, soberbo, elegante, MERDE !!!! E a culpa foi da preguiça ! Sim ! O avião, segundo os especialistas, não é comandado pela tripulação... Se o computador “ congelar “ FUDEU !!!! Não se desliga o bichinho não... E o tal do “ Control Alt delete " não funciona ? Não uma tomada nessa merda de computador ???? Que softward é esse ? Cadê o “ Mon pére GOOGLE ??? "... C'est triste.

Está difícil de viver e morrer sem a manivela, sem a régua de cálculo, o motorneiro, a gambiarra, o gato, o malandro agulha, ollivro do pendura, o portuga da esquina com sua conta de cabeça ( lápis na orelha ! ), o jeitinho... O homem quer moleza, tudo fácil, delivery, mexer menos e mandar o " faz tudo " resolver, o computador.

Bem verdade que a aviação está segura, MAS dá um certo calafrio olhar o pomposo comandante e sua equipe nos receber com o elegante “bonjour” e saber que ele só faz levantar a estrovenga e pousá-la lá em terras “ trés chics “. O resto é rezar, tomar um bom vinho, um lexotan e sonhar que Paris um dia fique baiana... OXALÁ meu Pai de Santo !!! Segure o bicho lá encima...


FUI !!!!!



Ou melhor



“Je suis allé “



Roberto Solano

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Coração partido


Coração partido



Leio hoje no jornal o caso de um Leão deprimido e abatido, fraco, perdeu 8 quilos, por amor... Está lá, tiraram a sua companheira de cela, a Elza, para morar em Brasília. Ele morando em Niterói, nome: Dengo. Bicho dengoso mesmo. Broken heart!

Americano adora essa expressão, de 100 músicas umas 90 devem ter um “broken heart” ou algo semelhante.

Voltemos ao fato, pag. 22, jornal “O Globo” do dia 26/06/2011. Vejam lá! É de chorar a carinha do dengoso animal, triste, olhos caídos, cabelos revoltos, boca murcha, fim de linha de um Rei. Levaram a sua razão de viver, sua Dilma (perdão, Elza), foi para Brasília, chamada pela receita federal. A leoa era jovem, bonita, merecia coisa melhor, vai comer nosso minguado dinheirinho, ficar famosa, comprar jóias, casar com um deputado filha da puta! Dizem que carne desse animal não é boa para se comer e aí ela pode conviver na boa com o político, formam um belo casal!

E lá está o Dengo, todo caído, triste. O seu Pai ficou, Sansão. Que situação terrível, levaram a mulher gostosa, os amigos (Yuri e Naila) e ficou o nosso animal com o Pai; nada contra, MAS Sansão está velho e rabugento, sem dentes, um bafo horrível, se urina todo, de bengala fica dando conselhos loucos para o filho dengoso “Você só pensa em leoa, para com isso rapaz! Vai ficar velho e broxa como teu Pai aqui!” e ruge alto... Ali só e aturando o velho chato enchendo o saco do nosso valente e vigoroso leão.

A vida tem disso, você tem seu amor, amigos e de uma hora para outra aparece uma ventania e leva tua felicidade para outras terras, ficas só colega, com dor de cotovelo, na merda...

Resolvi! Esse final de semana vou visitar o Zoo de Niterói levando meu “kit dor de corno”, coisa simples: um disco do Vinícius, uma garrafa de whisque, carteira de cigarros e lenços descartáveis. Vou consolar o bicho! Sou solidário! Essa dor vai ter que passar, que coisa horrível perder a amada para um político filha da puta! Horror!

Leio, na primeira página do mesmo jornal, que o Lula está lá se mexendo, articulando a turma do PT para salvar a Leoa dele (a Dilma). Oras, se ele está salvando animais do espécime porque eu não posso salvar o nosso abandonado Dengo? Vamos nos unir galera! Partirei às 9 h da manhã da praça quinze!

Espero vocês lá! Tragam filé Mignon e uma foto da Natalie Lamour, acho que ele vai se animar vendo essa gatinha com corpo felino e cara de dadeira! Tesão de mulher (digo, felina!). Se ele não reagir estou levando a minha carabina, vou poupar o sofrimento desse infeliz... Afinal os cornos são uma classe unida! Quase tão unida quanto á classe dos veados... Mas isso é outra estória...



Roberto Solano

sábado, 21 de maio de 2011

Fazendo arte

Fazendo arte

Quando criança ouvia “Menino, para com isso, está fazendo ARTE, né?” E minha querida mãe me pegava nas boas e adoráveis travessuras. Que delícia! Fazer arte era uma maravilha, um conjunto de emoções nunca sentidas, descobrindo o mundo e seus perigos, colocando o anjo da guarda para trabalhar... Tadinho dele.
Hoje, crescido, venho prestar a minha homenagem aos que fazem ARTE. Não aquelas do passado e sim as que fazem o mundo mudar, trazendo a felicidade em formas diversas: música, pintura, escultura, teatro, circo... São tantas as formas que me perco do que quero aqui homenagear: o artista! Aquele que vive de sua missão eterna de parir idéias. Vida dura colega. São poucos os que fazem arte e vivem por esse caminho tortuoso que é extrair do nada o tudo. Duro, muito duro mesmo, e pior: dar a sua cara à tapa! Bunda na janela! Sempre sujeito aos inimigos, aos invejosos e aos incompetentes, são tantos, meu Deus... Que sofrimento!
Você já pariu? Sentiu a dor de dentro prá fora, te rasgando, te provando a vida na sua fonte: nascer. Ver seu filho, cuidar dele, com carinho e depois ouvir os comentários “Feinho...”, “ vai ser burro igual ao pai “, “ a mãe não sabe criar essa criança mal educada...” . Os comentários te derrubando... Agora viva de parir ARTE. Sim, esperando a dor da criação e ter que criar teu fruto com carinho, para viver da aceitação dele. Não é fácil ser artista, criador e criatura, todo o santo dia.
Pois é, estou sofrendo muito em me lançar como um artista, sem precisar viver disso, sem sentir a dor do parto. Não vivo disso, faço o que posso sem compromisso com o resultado da minha arte, e não posso deixar de dizer que o mundo é transformado a cada segundo pelas idéias mais loucas, dos atrevidos seres mutantes, esses artistas de coragem infindável, carregando as nossas dores e alegrias, brindando o mundo de sons e sabores, cores.
Parabéns meus heróis de guerra, que todo dia são penalizados pelo seu próprio dom, e vivem nesse mundo louco, que vocês recriam a revelia. Que Deus amenize o teu sofrimento e Nossa Senhora do Bom Parto os abençoe.
Eu muito te admiro ARTISTA!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sauna de pobre

Sauna de pobre



Chegando o inverno e no Rio de Janeiro se admite sentir frio... Será? 17 graus. Para carioca é uma temperatura bem baixa, incômoda, o povo se veste mal, atrapalhado: não somos paulistas!

O mês de Maio traz uma doçura em meu ser. Tento explicar o que só eu sinto: um noivo. Casar com a natureza, delícia! O céu azul clarinho, portenho. O ar leve e fresco, com o frio de carioca mesmo.

A vontade aquece o forno, dá fome de queijos e vinhos, um desejo de ser mais bonito e vistoso: elegante. Carioca não sabe “entender” o frio, ele curte! Basta! Vamos prá praia, andar no calçadão, exibir uma “écharpe nova”, sem esquecer as havaianas. Uns tem frio e outros exibem corpos malhados e fortes, cabelos molhados, em uma mistura difícil de entender. Quem mora por aqui sabe que o frio é um “ser” adotado, um cachorro de rua, um gato no lixo: existe, ou você o aceita ou não, sente a sua dor e a sua fome ou não. Opcional esse frio, entendes?

Venho de família nordestina, friorentos e parados ficam: nariz frio sempre, cobertores demais, reclamações demais, chato isso! Acostumei a sentir frio pelos outros, um frio social. Meus primos super agasalhados e eu ali sem camisa. Chato ficava. Então colocava uma camisa de malha para diminuir a ladainha “você é louco? Vai pegar uma gripe!” e outras baboseiras deum povo que acende lareira nos 22 graus de Gravatá e toma vinho com o melhor fondue do mundo! Tudo no Recife é o melhor do mundo, se não é vai ser...

Vamos prá sauna? Já fostes em Penedo? Uma vila finlandesa que se debruça sobre a Dutra, no caminho de São Paulo. Lá uns malucos tomam sauna e depois caem nos rios e cachoeiras gélidas que descem da serra da Mantiqueira. Quer pegar uma gripe? Vai uma sinusite aí? Eu recomendo! Depois você me conta lá no hospital, certo? Eu não tenho esse problema: faço sauna de pobre! Estou imune aos resfriados! Sério!

Explicando o milagre e mostrando o santo: Guino! Um japonês que esbarrou na minha adolescência, um mestre de 6º Dan no Judô, figura muito querida. Esse cidadão nipônico tomava banho no clube ginástico Português. Uma nuvem de fumaça encobria o banheiro e lá, em total relaxamento, estava nosso chirran. Calmo e entregue as delícias do calor infernal que vinha na água fervente. Ele devia ter sido um chá em outra encarnação! Não se abalava uns 10 minutos, ficando lá, meio morto, levemente curvado, olhando o pinto pequeno... Depois vinha a ducha gelada! Não dava para crer! O Japa se tremia todo, acordava para o inverno e saía fumegando ainda. Na toalha branca eu via seu olho vermelho e seu sorriso maroto “Bom prá gripe”! Eu indaguei "Grande mestre, você não tem medo de se resfriar?" Meu guru, com a cara amassada e um quimono no braço falava “ Aluno que não faz sauna de pobre fica doente !" Verdade! Nada que vem de um mestre pode ser descartado! Fiz o meu teste-drive... Uma semana de febre...

Uma semana sem judô... Até voltar e perguntar “Mestre, eu quase morri”... E ele devolveu “ Não vai morrer mais de gripe!” Era a senha, tinha que acreditar... Acreditei. Hoje faço a minha sauna de pobre religiosamente, meu pai aprendeu e fazia também, no jeito nordestino dele, nem tão quente e nem tão frio...

Então colega, vai adotar o sistema? Estás em dia com o plano de saúde? Tens uma semana de férias? Recomendo o tratamento, muito bom mesmo! Tem cada filme bacana na seção da tarde... Vais se curar para sempre dos males respiratórios, do nariz escorrendo, dos incômodos espirros.

Sim, ia me esquecendo: traz prá mim um chocolate de Penedo, tá?



Roberto Solano

domingo, 15 de maio de 2011

Pediram-me uma poesia...

Pediram-me uma poesia...

E agora?

Devo?

Penso e nada me vêm...


Só e só, calo

O coração bate

Só.


Não, nada de tristeza...

O amor vem calado

Na forma mais pura

Amizade!

No meu canto respiro
O calor de um amigo
Perto
Distante
Junto

Você se perdeu?
Então me peça
Uma poesia...

Dar-te-ei

A resposta

Um amigo...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Convite para o livro " Xixi sentado "

Amigos

Estou lançando, dia 31/05/2011, meu primeiro livro. O evento será no shopping Downtown, Barra da Tijuca, ás 17 horas no " Botequim Informal "

Aguardo a presença de todos que me acompanham por aqui !

Obrigado !

Roberto Solano

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Otimismo absoluto

Otimismo absoluto

Voltando de terras nordestinas trago a bateria plena de otimismo. Não esse ar de felicidade e pose de futurista dos cariocas, nem o olhar financeiro-positivo dos paulistas, nada disso, sentimento superior, como tudo de Pernambuco.
Recife, chuva torrencial, e o motorista do táxi tranqüilo “Vai melhorar! Amanhã vai dar um sol fraquinho...”, o povo na rua sem reclamar tanto do governo, da falta de dinheiro, da vida calejada de dor e abnegações: o povo pobre, entendam bem!Os pobres de dinheiro, mas nunca de espírito e credo no melhor, no milagre! Os ricos são chatos, como em todo lugar do mundo, eles só tem otimismo para gastar, viajar, comprar seus desejos materiais, essas coisas mundanas, pequenas, dos pobres de espírito, de brasileiro capitalista e limitado. O pobre verdadeiro não! Eles detêm o milagre da vida, da vida sem graça mas, porém, contudo, todavia: FELIZ !!!! Regada a cachaça, mulher e futebol. Fiquei ali vendo a televisão local, as senhoras pobres limpando casas inundadas, com um lamentar doído e pouco falado da perda da máquina de costura tão valiosa, conformadas damas. Nobres senhoras... Troco de canal e vejo a pompa Inglesa, ricos e poderosos no casamento real, sem chuva, vestidos maravilhosos e chapéus caríssimos que nunca passaram nas mãos de uma costureira nordestina, de fibra e calos, de óculos e vista curta, que costuram com as mais puras linhas do amor. Vi na rua moças comportadamente vestidas, simples, com suas sombrinhas, operárias ,dividindo a calçada molhada com estudantes e idosos de vida longa e doída, tão cumprida quanto à fome doida do sertanejo. Sorte a minha de ver e sentir o que poucos podem entender: a coragem total diante da vida. Nordestinos em seus destinos certeiros, nas letras de João Cabral de Melo Neto, na conformação banhada em alegrias e esperanças, na fé do milagre, na transformação do mundo “O sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”, e continua chovendo...
De novo no taxi. O espirituoso motorista me disse “A natureza está mudando prá melhor!” Eu, calado, reluto em perguntar. “Os Dinossauros se acabaram... A era do gelo não acabou com a humanidade, vai melhorar prá nós!” E tome chuva, engarrafamentos, eu pensando, será? Tenho certeza doutor! Eu sou otimista! Quanto mais o homem atinge a natureza ela reage com modificações benéficas! Fiquei pasmo... Como isso é possível? Ele foi direto: O mundo é grande, se chove muito aqui vai secar em outro lugar e o homem se muda,vai se adaptar e sempre sobrevive melhor! Não vê o Japão?O senhor está indo pro Sul não é? Vai de avião, né? Vixe, que belezura, a internet, o celular, é a natureza mudando e o homem se adaptando, prá melhor!
Eu, não compreendi bem, mas fiquei atento e quase comovido com o “vai dar certo” onde tudo dá errado.
Fui prosear com minha cunhada inteligente que me informou: a cidade de Recife é a 2ª que vai desaparecer do mapa, sob as águas, logo depois de Amsterdam. Perguntei, você está com medo? Ela me tranqüilizou... Estou comprando uns lotes em Gravatá (na serra das Russas, 447 m de altitude, distando 85 km de Recife), vou me aposentar e por lá ficar RICA!!!! ???? Eu não entendi... Como? Simplesmente simples, caro cunhado, investimento de longo prazo! Vou vender casas de praia na serra! Prá quando Recife se acabar debaixo da Tusiname devastadora! Negócio de futuro, eu sou otimista!Você quer entrar como sócio???? Dei um gole na cerveja gelada e rimos muito! Estou no Recife!!!! Aqui tudo é o melhor, maior e discutimos o destino do mundo!
Amigos eu voltei para o Rio de Janeiro, baterias recarregadas, certo de que o mundo não se acabará e convencido de que tudo melhora nesse mundo, menos o Náutico...

Roberto Solano