domingo, 27 de janeiro de 2013

Tragédia


Tragédia

 A alegria se desfaz em fumaça
 Sorrisos em lágrimas defumadas
 Terror na face de jovens lindos
 A vida se esvazia no puro desejo de ser jovem

 Ser jovem, indestrutível, um mote para a morte
 No espaço de união e festa, sons, álcool, há vida
 Uma faísca vai de encontro ao teto que não a quer
 Um fogo vai derrubar corações, do nada para o nada

 Que vida temos que viver? Que inconstantes desafios?
 Jovens com a certeza da eternidade, juntos como deve ser
 Uma casa, um som, a alegria se revela loucamente na dor
 Porque? Aonde ficamos? De que lado está a razão?

Ser feliz, ser jovem, ter a vontade à frente no viver
 É a regra da vida plena, até o destino morder. Dor
 Que sofrimento nos que ficam e nunca entenderão
 O fogo da vida lambendo esperanças e sonhos

 Triste, muito triste, a perda da água na fonte da vida
 A vida fugindo em tropas de valentes jovens encurralados
 Que triste, muito triste, choremos todos, Brasil!

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O que fazer com minhas fantasias?


O que fazer com minhas fantasias?

 Outro carnaval que começa e meu coração acusa
 Fantasias de outrora vão renascendo na mente cansada
 Arlequim, Pierrô, Pirata da perna de pau...
 Mofam no armário da memória em amores adormecidos

 Novo carnaval desponta no calendário, nos jornais e revistas
 Escolas de samba, pernas que encantam, mulheres espetaculares
 Deusas do sexo encantadas pela música vão fabricar fantasias mil
 Amores impossíveis na quase realidade da cachaça, na mulata do talvez

 Hoje procuro minhas fantasias, da mais simples a mais louca
 Como tomar um saboroso café com Obama e Michelle contando piadas...
 Acordar com sono e a rainha da bateria me servindo ovos com torradas...
 Ir ver o mais lindo nascer do sol suando serpentinas, no calçadão de Copacabana...

 O que fazer com minhas fantasias do passado?
 Costurá-las para um corpo presente que não as aceita mais?
 Redesenhar os sonhos com o lápis da realidade e a borracha do perdão?
 Esquecer o bom da vida, do sonhar livre e solto, para suportar o banho frio da idade?

 Que tal rasgar as fantasias na calçada e subir nu no meio fio?
 Gritar o mais alto gemido de guerra para o mundo imbecil
 Contra os ricos que tolhem e os pobres que calam
 Falar de um sonho impossível, e sempre, do amor irrestrito
 Um Cristo nu...
 Ou simplesmente beber até cair para viver um novo mundo?
 Um mundo de ilusões eternas e pequenas grandes alegrias
 Sem carnaval e sem barulhos, um mundo só meu, rodeado de sonhos
 Dentre esses sonhos, em um deles, achar a minha fantasia predileta

 Novo mundo, sem carnaval, sem datas para ser alegre e feliz
 Mundo esse que aceita a alegria sem compromisso de data
 Amizades sem obrigações, sem interesses e só nutrida de perdão
 Uma realidade regada em fantasias, na esperança do carnaval eterno...

 “Esse ano não vai ser igual àquele que passou
 Eu não brinquei e você também não brincou
 A minha fantasia de Pierrô ficou guardada
 A sua também ficou pendurada... “

 O que fazer com minhas fantasias?


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A saga do Jiu-jítsu e a luta de Janjão x Zé encrenca


                                  A saga do Jiu-jítsu e a luta de Janjão x Zé encrenca

      O Marcelo Alonso é um fotógrafo e repórter de lutas, lançou um belo livro chamado “From Vale Tudo to MMA” com o fotógrafo japonês  Susumu Nagao. Fui convidado para o lançamento no Rio de Janeiro e deparei-me com antigas figuras desse esporte pouco convencional,  o famoso “vale tudo”.
      O livro retrata bem a trajetória de homens que se achavam deuses e com méritos fizeram a estória no Brasil de uma arte milenar japonesa, o Jiu-jítsu. Tudo começou com o Maeda, ou Conde Koma, que chegou ao Brasil em 1913. Esse japonês tinha vencido mais de 1000 combates! Em todos imobilizou seus adversários, sendo discípulo de Jigoro Kano que fundou o judô. Um brasileiro aprendeu as técnicas do mestre e fez a luta se popularizar no Brasil, o grande Carlos Gracie. Eu recomendo a leitura do livro.
       Vamos aos fatos que me tocam. Meu pai treinou com Hélio Gracie aqui no Rio de janeiro e contava fatos curiosos da numerosa família, que fui conhecer anos após. Eu, de minha parte, tinha medo de apanhar. Na escola vi um baixinho dar uma surra em um grandalhão (bem mais velho) com um belo Tomoe-nague e uma montada definitiva, onde o mais forte ficou esperneando , sendo humilhado à vista dos colegas. Fiz uma amizade eterna com o Luiz Alberto e fui treinar judô com ele. Lá conheci um shihan, faixa vermelha do 6º Dan, mestre Ogino. Figura simples e calma que me ensinou um pouco da “arte suave” do Judô: aprendi a cair, respeitar os adversários e usar a disciplina como meio para o sucesso. Esse grande mestre uma vez falou-me de um capoeirista (mestre pastinha) que viu jogar com uma navalha nos pés, “eu nunca que enfrento um homem desses!“, afirmou com sábia propriedade! A morte seria certa em cortes de um “ventilador-humano” que varria o céu em todas as direções! Mais tarde fui para a Gama filho treinar com a nata do judô carioca como Sansão e Luis Virgílio, sob o comando do professor De Lucca. Um dia vi a revanche do colega do São Bento na pele do Sansão: meu amigo Luiz (faixa marrom) foi treinar com o Sansão (campeão carioca) e, sem querer  querendo, aplicou um belíssimo Ipon no negão! E apanhou por 15 minutos seguidos! Foi pela técnica e disciplina do Ogino que o meu amigo se lascou! Tinha nada que desmoralizar um campeão! Coisas desse esporte digno. De outra feita o Luiz caiu como morto sem respirar no chão, com o Virgílio por cima gritando “corre De Lucca, corre que ele não está respirando”. Simplesmente um Uchi-mata de esquerda fez meu herói do campo de futebol voar e cair com um pesado faixa-preta por cima! Tadinho do Luiz... Aposentou-se da luta por motivo de viagem e trabalho, e eu fui parar nas mãos do Carlson Gracie... Que diferença! Esqueça a disciplina e corra atrás de apanhar pouco! Lá em Copacabana o “bicho pegava”. Até às 19 horas treinava-se com gente igual à gente! Depois, colega, o bicho chegava em nomes de Peixotinho, Pinduka, Rosado, Amaury, Rosenthal... É mole? Não dava prá mim e não deu mesmo, acabei minha carreira com os ligamentos do joelho rompidos, na mesa do cirurgião.
       Hoje aprendi a treinar “Taxi”, uma luta dinâmica que permite uma retirada estratégica com um braço estendido! Maravilha! Vi, também, o duelo de Rickson com o enorme Rei Zulu, no maracanãzinho lotado, que luta! Claro que os “invencíveis” ganharam: o jiu-jítsu, evidentemente. Aprendi com os Gracie que a certeza da vitória é um fato! E Carlson falou “jiu-jítsu é para os fracos, o forte não precisa aprender, mas se aprender fica invencível”, com razão e propriedade!Palavra de um  grande mestre. Certa feita ele reuniu a turma para ensinar uma gravata. Um colega, bem forte por sinal, gritou “professor esse acreano não bate!” Como??? O fabuloso campeão colocou o jovem e parrudo faixa branca iniciante na frente da roda para aplicar a boa e velha técnica da gravata, e... O rapaz não sentia nada! Que humilhação! Nosso mestre teve que explicar uma anatomia incomum de raríssimas pessoas que tem a veia jugular em trajetória interna e outras invenções para desistir de estrangular o baixinho lá do Acre, coisas de academia.
       Muito falei e não contei da luta mais sangrenta que assisti: Janjão x Zé encrenca. Janjão é enorme e forte, um monstro! O Zé fraquinho e ágil! O pau comeu aqui em casa: Janjão baixou hospital com dois dentes arrancados e orelha quebrada! Pois é, Zé encrenca é um filhote de gato, endiabrado, que atacou meu belo elefante de madeira, sobre a prateleira, fazendo esse estrago... Gato luta tudo! E bem, fugiu  correndo após o estrondo que fez... Os Gracie devem ter tido muitos gatos em casa, disso tenho certeza!

Roberto Solano

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O martelo e o prego


                                                Deixa o martelo que o prego chama
    E vice-versa!
    Aprendi isso de um mestre de obras. São coisas simples e de grande profundidade. Quem é o prego: o peão! E o martelo? O encarregado! Sim, um manda e outro obedece, na regra básica da vida.
    Nós todos somos um pouco prego e outro tanto martelo. Alguns são pregos por vocação, os famosos “pau mandado”, sem chance de mandar. Muitos poucos se destinam a martelo e tem sucesso no comando. Eu me pergunto o “porque” de tantos pregos para poucos martelos? E naturalmente vem a resposta por absurdo: se fosse o contrário? Imagine um mundo em que 98% seriam chefes! Que loucura seria! Sem chance... Temos vocação para abelha, trabalho e manter a saúde da rainha. Um mundo sem comando, sem liderança, é inviável. E novamente vem a pergunta: quem faz o chefe? Outro chefe é claro! Não! Inverdade! O chefe nasce do querer ser chefe e se fazer líder por observação, com muito esforço. Esse mesmo mestre dizia “Você pode fazer um leão virar um cordeiro, mas nunca o contrário”, outra verdade que se aplica aos humanos. Um homem-cordeiro não quer ser leão, sem vontade é pastorado e feliz; já o homem-leão é bravo, guerreiro da vontade, ambicioso, pode ser “adestrado” para ser dominado pelo seu comandante. Saiba ver e reconhecer o leão e o cordeiro, isso te fará ser uma pessoa mais competente. Respeite a força do leão e a docilidade do cordeiro, saiba ser domador e pastor, seja competente na vida. O prego depende do martelo, o contrário também é verdadeiro! Saiba reconhecer seu lado martelo e faça-o crescer, sem nunca deixar de olhar com carinho as marteladas que ganhas pelo caminho: são corretivas; já os pregos são muitos e vencem pela quantidade, o martelo é pura precisão e força!
    Bom trabalho amigo! E cuidado com o dedo!

domingo, 13 de janeiro de 2013

Amor absurdo


 Amor absurdo

 De todo amor o que me fascina é o absurdo
Amor impossível e plantado com força
Aquele que leva tua alma aonde nunca foi
Aquele que não é correspondido

Porque o amor tem que ser espelho de outro?
Aonde vai o poder da imaginação e da carne?
Tens amor real ou só imaginas?
Imaginas?

Imagine o absurdo do amor irreal
E terás o que nunca te roubarão
Teu amor único e absurdo
Tudo

Ou nada
Do nada tens o tudo
Do tudo o nada
Dentro dessa confusão
O amor absurdo reina

A lógica do perdão


A lógica do perdão

 Se eu amo eu perdoo
 Se perdoo é porque amo
Eu me perdoo?
Eu me amo?

 Se estou perdoando
Estou eternamente amando
Se amando para sempre estou
Perdoei!

Simples como a água da chuva
Claro como a luz do sol
 Teu dia será leve com o perdão
Tua noite será doce com o amor

Perdoa-me por falar de amor
Não ame sem perdoar
Pois serás um nada
Um nada do todo amor
Um vazio

Seu bobo!

sábado, 12 de janeiro de 2013

Efeito colateral


 Efeito colateral

      Termo comum na medicina  e que, na verdade, se estende a tudo nesse mundo. A morte é um efeito colateral da vida, sem saída, amigo! Temos o péssimo costume de trabalhar nossa mente com certezas em uma realidade incerta. Vejo pessoas viajarem de carro com a família por horas a fio, à noite, na completa e absoluta certeza da chegada. E o pneu não fura? E a chuva forte não pode te parar na estrada com a sogra te enchendo o saco com o famoso “eu não disse”? Eu já não tenho essa coragem toda, pois penso no adverso. Um amigo disse “você é um velho chato!” Pode ser...
      Voltemos ao tema: efeito colateral. Listemos alguns:
Casamento....................................... Sogra
Casa.................................................. Vizinho
Cachorro........................................... Veterinário
Amor................................................ Ciúmes
Mulher............................................. Shopping
Carro................................................ Seguro
Do vinho........................................... A garrafa
Do copo............................................ Cacos de vidro sobre o chão
Do corte........................................... A cicatriz
Da barriga.........................................O comentário maldoso
Da maçã............................................ Newton
       Sobre a maçã aprendi, com outro gênio, que devemos, sempre que bebermos além da conta, coma uma maçã! É ótimo! Para, no dia seguinte, culpá-la de todos os enjoos e dores de cabeça que essa maldita fruta nos traz como efeito colateral! Nunca deixe de comer a tal fruta! Se não, colega, você é capaz de culpar injustamente as bebidas...
       Outro amigo chegou com a mão enfaixada no trabalho. “Que foi isso Paulão?” e ele tristonho contou o efeito colateral de uma empada... Como? Uma empada de camarão? Sim! A festa estava ótima e a empada era o sucesso na mesa, sobrou uma e faltou luz... E daí Paulão? Como foi isso!!!! Ele, com cara de arrependido, disse: “Todo mundo foi de GARFO e eu fui de MÃO!” Triste isso Paulão, triste isso...
       São tantos que vou parar por aqui. O mais importante de todos é o efeito colateral chamado ARREPENDIMENTO! Esse é de lascar! Já acordou do lado de uma bruaca que você achava uma princesa da Escócia? O whisky era escocês já a princesa... Emprestastes aquela grana para o amigão que sumiu do mapa e agora ficas brincando de “aonde está Wally” ??? E o livro emprestado que nunca voltou? O segredo que contastes e que agora está na boca do povo? É duro colega, esse tal de arrependimento vem coroar o mundo dos efeitos colaterais.
       Não vamos ser injustos! Existem alguns efeitos colaterais que são bons! Você tem que sair com a prima distante e chata para fazer aquele social familiar e descobre que a melhor amiga dela é um “pitéu”, gostosa e bonita! Que marrrrravilha, como diz o famoso francês, piloto de fogão! E aquele campeonato que teu time está todo ferrado quase caindo e o time adversário histórico vai para a segundona? Existem fatores favoráveis. O Viagra nasceu de um efeito colateral, sabias? Acho até que os tais efeitos são melhores que o objetivo principal, por exemplo, filhos. Os filhos são consequência do ato sexual, que é bom (na maioria das vezes) e vem premiar a união. Bacana isso!
       Eu vou vivendo pensando mais nas consequências dos meus atos e nos efeitos colaterais nesse mundo moderno, que são imediatos, e na minha incapacidade de adivinhá-los. Por exemplo: quantos vão ler esse texto lá na internet? Qual será o efeito colateral do leitor? Vai gostar ou dizer “tempo perdido...” Faz parte do jogo, ganhar ou perder, MAS sempre tenha em mente que nada é certo ou para sempre (prá sempre, sempre acaba, dizia Cássia Eller) e que os “danadinhos efeitos” estão dos dois lados. Eu peço, e até rezo, para que o efeito colateral do meu azar seja a sorte! Sim! Bateu o carro? Que sorte que não se machucou... Roubaram tua carteira? Que sorte que os documentos ficaram na lata de lixo... A mulher te abandonou? Que sorte que a gostosa da amiga dela é caidinha por você!
    Sorte no azar, sempre, meu amigo! Esse é o melhor efeito colateral que existe!

Roberto Solano

sábado, 5 de janeiro de 2013

Amor geométrico


Amor geométrico

Uma reta
Duas se cruzam
Mais duas
E um quadrado se faz

Desfaz-se em sopro
Vento cubista
Em três dimensões...

Uma lágrima
Um lago
Círculos

Em vento
Faz-se
Bolha...

Um amor
Em reta
Seta
Cubo mágico
Em círculos
Desfaz-se
Em três lágrimas
No lago do meu coração