sábado, 20 de setembro de 2014

O sacerdócio



O sacerdócio

 Mal consigo escrever, não menos entender a tal palavra. Vem à mente a Igreja e o padre, e nesse mesmo conjunto as rezas. Fui criado por família católica e convivi com os padres beneditinos (sorte minha) que eram trabalhadores, na fé de Cristo. Devo muito (ou quase tudo) para essa gente reclusa e sábia. Sem maiores traumas: eu sou de índole calma, outros amigos não suportaram a disciplina rígida, nem o cheiro de mofo das batinas. Passou. Hoje sou homem feito e posso pensar mais sólido. Quantas rezas foram perdidas na obrigação e no medo? E o padre santo? Ele é mais competente na sua capacidade de falar com Deus? O bispo tem linha direta? O papa deve trocar figurinhas com ELE. Isso eu não discuto, é o caminho da fé. Só penso no sacerdócio físico e mental, aplicado na vida do homem comum. Acreditar é o foco, repetir é a vida, pensar uma opção. Pergunto ao leitor se a vida é assim tão regrada na repetição, na missa diária, no exercício do acordar com café e enfrentar a condução exaustiva até o trabalho duro, brigar como chefe e calar a boca com o feijão de Chico Buarque. Qual a fé maior? A do humilde e explorado trabalhador na sobrevivência ou a do padre contrito em seus pensamentos: um na vida e o outro na promessa da eterna companhia divina. Quem será o sacerdote? Quem sofre mais? Pouco importa essa comparação de atitudes sem mostrar a virtude, existem homens e homens que morrem por objetivos, muitos por obediência, burramente. O que fazem os pobres infelizes jornalistas com o pescoço à mostra nos vídeos mortais? São frutos da loucura de um grupo fundamentalista que não sabe ver a vida por outro ângulo. Hoje matam gente como baratas, pela fé. Acho que sempre nos matamos para viver, ou via exploração ou via credos. O ser humano é muito ruim, só avançamos nas tecnologias via guerras: matar com eficiência gera benefícios para todos! Muita doideira!

 Sacerdotes da fé e os da vida... Estão, no segundo grupo, lá na África maldita, tratando seres humanos renegados à vida os médicos e voluntários da saúde. O vírus Ebola matando os seres humanos mais pobres e, talvez, sofridos da terra. Castigo divino? Maldade dos homens poderosos que não vão gastar muito com pobres. Pobre é lixo, sempre foi assim... Esses heróis são os verdadeiros sacerdotes da vida: os que brigam por ela! E os de Deus? Estão brigando por Deus... Muitos matando em nome dele, como se isso fosse o caminho da salvação. Vamos rezar ou agir? Que tal fazer os dois? “Ora e labora” está lá nas regras de São Bento, e mais:

"Não quero a morte do pecador, 
mas sim que se converta e viva".

 E assim perguntamos para Ele:

"Senhor, quem habitará na vossa tenda 
e descansará na vossa montanha santa?"

Resposta direta,

"É aquele que caminha sem mancha 
e realiza a justiça; 
aquele que fala a verdade no seu coração, 
que não traz o dolo em sua língua, 
que não faz o mal ao próximo 
e não dá acolhida à injúria 
contra o seu próximo".

E muitos ainda matando em nome DELE... Viva a sabedoria de São Bento! Amém!



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